Doramas e Orientalismo: A PALAVRA “DORAMA” É OFICIALIZADA em nosso idioma

A palavra “dorama” é oficializada na Língua portuguesa

No dia 23 de outubro, a Academia Brasileira de Letras (ABL) anunciou a inclusão da palavra “dorama” ao vocabulário da Língua Portuguesa.

A definição apresentada pela ABL para o termo levantou alguma discussão acerca de sua representatividade. Segundo a ABL, um dorama é uma “obra audiovisual de ficção em formato de série, produzida no leste e sudeste da Ásia, de gêneros e temas diversos, em geral com elenco local e no idioma do país de origem”.

O que a Associação brasileira de coreanos respondeu?

Em resposta, a Associação Brasileira de Coreanos declarou que “é preconceituosa a decisão de generalizar as produções do leste-asiático”, uma vez que a palavra “dorama” é uma palavra de origem japonesa e que costuma ser associada de forma errônea às séries de TV coreanas por hábito do público. A utilização de um termo japonês para nomear produções coreanas reforçaria as dores coloniais do país.

É bastante compreensível a preocupação da entidade de não reforçar estereótipos coloniais, naturalmente: eles devem ser combatidos, e um dos recursos para isso, é a linguagem, incluindo a língua! Termos mais adequados para nomear estas produções seriam k-dramas, c-dramas e j-dramas, representando as iniciais dos países de origem das produções – respectivamente, Coreia do Sul, China e Japão. Já uma produção da Tailândia costuma ser chamada de lakorn ou thai drama.

Essa adição pode realmente ser considerada orientalismo?

Por outro lado, nos países de língua portuguesa, sobretudo com o aumento das produções desses países nas plataformas de streaming, ‘dorama’, na prática, é realmente mais genérico. O uso do vocábulo se consagrou justamente entre os fãs deste tipo de produção – logo, faz sentido a proposta de integração do termo ao nosso vernáculo exatamente como ele é usado no cotidiano.

Entre os fãs dessas produções, o uso expandido do termo nada tem de preconceito, mas, ao contrário, é referência de admiração mesmo. Seria difícil alterar o uso por determinação da ABL, como parece sugerido por alguns grupos, em vez de registrá-lo como ele é verdadeiramente empregado pelos usuários da língua portuguesa.

Talvez, porém, o registro do vocábulo nos dicionários, acabe por indicar uma ressalva de que ele pode ser considerado preconceituoso por generalizar as produções asiáticas. Não seria uma boa solução? Ou, quem sabe, aos poucos o preconceito contra o termo é que cederá ao uso já consagrado pelos fãs do ‘gênero’?

Veja alguns exemplos de obras do sudeste asiático:

Ashes of Love – China Continental, 2018

Adaptado do romance da web “Heavy Sweetness Ash-Like Frost” (香蜜沉沉烬如霜) de Dian Xian (电线). 63 episódios (Netflix) ou 60 episódios (Viki).

Elenco principal: Yang Zi  como Jin Mi, a filha da Deusa Floral; Deng Lun como Xu Feng, o Imortal do Fogo e Luo Yunxi como Run Yu, o Imortal da Noite.

Cinzas do Amor  apresenta uma versão da história dos 6 reinos, destacando 4 deles: Reino Celestial, Reino das Flores, Reino Demoníaco e  o Reino Humano. Existe harmonia entre eles, mas o Reino Celestial é o que detém o poder de controlar a ordem que mantém essa paz em cada um dos reinos. A história se passa em uma época medieval, na qual os deuses eram adorados e reverenciados pelo povo e havia várias lendas sobre eles entre a população.

O Advogado de Divórcio, Coreia do Sul, 2023
12 episódios

A série sul-coreana, baseada no webcomic Shinsunghan, de Kang Tae-Kyung, é um drama tratado com um humor muito peculiar, capaz de fazer rir e chorar em momentos muito próximos.

O pianista Shin Sung-Han (Cho Seung-woo) retornou da Alemanha após uma tragédia pessoal, e se tornou um advogado especializado em divórcios. Shin se dedica a resolver os problemas de seus clientes usando as próprias experiências e o apoio dos amigos Jang Hyung Geun (Kim Sung-kyun) e Jo Jing Sik (Jung Moon-sik).

A trama difere dos usuais temas românticos. Os episódios abordam diversas questões extremamente dolorosas e atuais como assédio, relacionamentos tóxicos e abusivos, violência doméstica, bullying, corrupção, solidão, e aspectos cruéis da legislação coreana. Os temas sensíveis, muito bem conduzidos,  são abordados de forma respeitosa. A qualidade do roteiro é surpreendente boa, mesmo para a Coreia do Sul, de onde têm vindo os roteiros mais cativantes de modo geral.

Million Yen Women (Hyaku Man En No Onna-tachi? ), Japão, 2017
12 episódios

Dorama original Netflix em parceria com a TV Tokyo, é uma adaptação do mangá 100-manen no Onna-tachi, escrito por Shunjuu Aono e que foi publicado de novembro de 2015 até setembro de 2016 na revista Big Comic Spirits (Oyasumi Punpun e I Am a Hero, ambos mangás publicados no Brasil).

Um escritor fracassado recebe cinco mulheres que passam a morar na sua casa misteriosamente. Sem explicação, elas pagam um milhão de ienes mensalmente pelo aluguel, um valor quase 30 vezes maior que o normal. Todos dividem as tarefas da casa e não é permitido fazer perguntas sobre elas.

O morador original, Shin Michima, tenta escrever um romance de sucesso há tempos, mas enfrenta muitos problemas. Seu pai está preso pela morte de três pessoas, incluindo a mãe de Shin. Além disso, o escritor recebe mensagens de ódio constantes de um remetente anônimo. Cada uma das moradoras também tem um mistério. Estrelado por Yojiro Noda, vocalista da banda de rock RADWIMPS.


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