Do analógico ao digital

Do Analógico ao Digital: de Nuremberg ao Covid-19

By: Jacqueline Moreno
Revisão: Nani Peres

O sistema analógico de tradução simultânea foi um dia uma das inovações mais cruciais para comunicação internacional! Esse fato histórico ocorreu em pleno tribunal de Nuremberg, um dos mais emblemáticos julgamentos do século passado, entre 20 de novembro de 1945 e 1° de outubro de 1946. A IBM deu o primeiro passo com equipamentos de transmissão e recepção repletos de fiações e antenas. As fotos da época revelam dezenas de intérpretes traduzindo para réus assim como para promotores, conselheiros legais, juízes, jornalistas, médicos e psicólogos.

Com a pandemia da Covid-19 em pleno século 21, cabines, receptores e equipamentos portáteis se tornaram subitamente aparatos supérfluos devido à suspensão e aos cancelamentos de eventos presenciais, que depois passaram a ser remotos ou híbridos: equipes de intérpretes e pessoas-chave presentes e a grande maioria da audiência acompanhando tudo de forma virtual pelas inúmeras plataformas digitais disponíveis no mundo literalmente sem fronteiras – no mundo virtual, a fronteira seria justamente a idiomática.

Com a população mundial ainda em fase de vacinação e acompanhamento de sequenciamento genômico das mutações e variantes do vírus, a interpretação/tradução simultânea remota, conhecida como RSI (remote simultaneous interpreting) e TSR (tradução simultânea remota), é atualmente a modalidade mais utilizada por ser a mais acessível economicamente como também altamente eficaz. Além de habilidades linguísticas, tradutores intérpretes apoiam os clientes com as intercorrências técnicas. Alguns  desafios  enfrentados são a falta de linguagem corporal dos palestrantes, o contato visual, entrada e saída do som quando os equipamentos não são adequados, material para estudo quando não é enviado para preparo adequado dos intérpretes, por fim o contato hoje se resume às vozes que chegam aos ouvidos dos intérpretes e nem sempre em alto e bom som. Mas o que importa mesmo é perceber que pontes estão sendo digitalmente construídas com intercâmbio de ideias e democratização do conhecimento.

As revoluções são frutos de necessidades mais urgentes. Pelo visto, estamos só no começo de mais um ciclo de inovações que continuarão a surpreender a humanidade com o que ainda nem foi imaginado. Vamos aguardar, então, os apressados passos das descobertas que já estão sendo gestadas na velocidade da luz dos bons pensamentos!