Uruguai e religião: como é o Natal no Uruguai?
Uruguai e religião: como é o Natal no Uruguai?
O Uruguai tem algumas peculiaridades que o tornam diferente da maioria dos países da América Latina. Dentre outras, sua população, composta principalmente por descendentes de imigrantes europeus: a maioria de espanhóis, seguida de italianos e, depois, dos mais diversos países da Europa. Isso torna difícil falar de um Natal típico do país, pois cada grupo de imigrantes trouxe consigo suas tradições, que alguns mantêm ainda hoje.
Além disso, a separação do Estado e a Igreja Católica ocorreu no início do século XX, depois de uma série de eventos que afastaram os uruguaios da igreja ou da religião em geral, fato que contrasta com os demais países do continente latino-americano. Logo no início do século XX, com a secularização do calendário, a festa cristã do Natal recebeu o nome de “festa da família” e é assim como os uruguaios a sentem hoje, com exceção dos que ainda estão ligados à religião, que não são maioria.
Nesta mistura das tradições europeias com o Estado laico, seu passado colonial espanhol deixou algumas tradições enraizadas e, até poucos anos atrás, a festa dos Três Reis Magos, celebrada em 6 de janeiro, era muito mais importante do que a festa da família ou Natal, pois nesse dia, da mesma forma como os Três Reis Magos levaram seus presentes ao menino Jesus, também os “levam” às crianças no Uruguai. A preparação para essa festa era e ainda é muito importante: na véspera, as crianças preparam capim e água para os camelos dos Reis e deixam um par de sapatos engraxados do lado para receber seus presentes.
Hoje, com a globalização, a festa da família tornou-se mais importante, colocando certo equilíbrio entre ambas as festas. Atualmente também há troca de presentes nesta festa, em geral, à meia-noite.
A festa da família caracteriza-se, igualmente, por essa mistura de religião e laicismo. Sua celebração começa em 8 de dezembro (dia da Imaculada Conceição de Nossa Senhora), quando a maioria dos uruguaios monta sua árvore de Natal, o pinheiro herdado dos antepassados europeus. Apesar de a festa estar cada vez menos ligada à religiosidade, o presépio ainda faz parte da tradição e é montado no mesmo dia.
Dois aspectos tradicionais não ligados diretamente às raízes europeias são a flor característica da festa e a música que vibra praticamente em todos os lares uruguaios. Quanto à flor, no final de novembro, início de dezembro, abrem-se os primeiros botões do jasmim-do-Cabo ou gardênia, considerado a flor do Natal. O jasmim perfuma as casas e é uma das essências do espírito da festa da família ou do Natal. No que diz respeito à música, o Uruguai, do ponto de vista cultural, tem muito em comum com a vizinha República Argentina, e a principal música de Natal é a conhecida Misa Criolla, criação do músico argentino Ariel Ramírez.
A decoração das cidades para a festa é moderada, porém a decoração dos shoppings é muito importante e os enfeites natalinos parecem querer nos levar ao inverno europeu. Nos dias mais próximos à véspera de Natal, os shoppings ficam mais que lotados com pessoas procurando os presentes para a ocasião.
A ceia de Natal costuma ser churrasco, o prato mais típico do Uruguai. No entanto, mais uma vez a herança europeia está presente nos torrones típicos da Espanha, nos panetones típicos da Itália e nas frutas oleaginosas, todos eles mais apropriados para o inverno europeu do que para o verão uruguaio.
É costume brindar à meia-noite, muitas vezes com Medio y Medio (bebida típica uruguaia, mistura de vinho branco seco e vinho espumante doce), que substitui o champanhe e, já faz vários anos, também é costume soltar fogos de artifício. Os presentes são distribuídos depois do brinde.
Uma tradição ainda muito importante é que, depois de cumpridas todas estas etapas, chega a hora de sair para desejar feliz Natal aos vizinhos e aos amigos. Com isso, a festa se estende bem mais, fazendo vibrar o sentimento de união com a família de sangue e com a família do coração.
Uruguay y religión: ¿cómo es la Navidad en Uruguay?
Uruguay tiene algunas características que lo diferencian de la mayoría de los países de América Latina. Entre otras, su población, compuesta principalmente por descendientes de inmigrantes europeos, con una amplia mayoría de españoles, seguidos de italianos, y luego, de los más diversos países de Europa. Eso dificulta encontrar una Navidad típica del país, ya que cada grupo de inmigrantes trajo sus tradiciones y algunos aún hoy las mantienen.
Otra de esas características es que la separación entre el Estado y la Iglesia Católica ocurrió a principios del siglo XX, tras una serie de eventos que condujeron al uruguayo medio a no sentirse tan próximo de la iglesia o de la religión como en los demás países del continente latinoamericano.
Ya a comienzos del siglo XX, con la secularización del calendario, la fiesta cristiana de la Navidad comenzó a denominarse “fiesta de la familia” y así la sienten los uruguayos, salvo quienes todavía son religiosos, que no son mayoría.
En esta mezcla de tradiciones europeas y Estado laico, su pasado colonial español dejó algunas tradiciones arraigadas y, hasta hace unos años, la fiesta de Reyes, celebrada el 6 de enero, era mucho más importante que la de la familia o de Navidad, ya que ese día, del mismo modo que los Reyes Magos llevaron sus regalos al niño Jesús, también los “llevaban” (y aún llevan) a los niños en Uruguay. La preparación era y es muy importante: en la víspera, los niños preparan pasto y agua para los camellos de los Reyes Magos y dejan al lado un par de zapatos bien lustrados para recibir sus regalos.
Actualmente, con la globalización, la fiesta de la familia ganó protagonismo, generándose cierto equilibrio entre esta fiesta y la de Reyes. Actualmente, el intercambio de regalos también ocurre en la fiesta de la familia, en la mayoría de los casos, a medianoche.
Esta fiesta se caracteriza igualmente por esa mezcla de religión y laicismo. Su celebración comienza el 8 de diciembre (día de la Inmaculada Concepción), cuando la mayoría de los uruguayos arma su árbol de Navidad, el pino heredado de los ancestros europeos y, a pesar de la creciente desvinculación de la religiosidad, se mantiene la tradición de armar el pesebre ese mismo día.
Dos detalles tradicionales no vinculados directamente a las raíces europeas son la flor que identifica la fiesta y la música que vibra en prácticamente todos los hogares uruguayos. En cuanto a la flor, a fines de noviembre, principios de diciembre, florece el jazmín del Cabo o de la India o gardenia, considerado la flor de la Navidad por excelencia. Su aroma inunda las casas y es una de las esencias del espíritu de la fiesta de la familia o de la Navidad. Ya refiriéndonos a la música, Uruguay, del punto de vista cultural, tiene mucho en común con la vecina República Argentina, y la música de Navidad por excelencia es la conocida Misa Criolla, creación del músico argentino Ariel Ramírez.
La decoración de las ciudades para la fiesta es moderada, pero los centros comerciales desbordan de adornos que parecen querer conducirnos al invierno europeo y, en los días más próximos al 24 de diciembre se ven abarrotados de gente intentando comprar los regalos para la ocasión.
La cena de nochebuena suele ser asado, el plato uruguayo por excelencia, pero, una vez más, la herencia europea se hace presente con los turrones típicos de España, panes dulces típicos de Italia y frutos secos, todo más acorde al invierno europeo que al verano uruguayo.
A medianoche se hace un brindis, en el que muchas veces el Medio y Medio (bebida típica uruguaya, que es una mezcla de vino blanco seco y vino espumante dulce) reemplaza el champagne y, hace ya varios años, se tiran fuegos artificiales. El momento de los regalos llega después del brindis.
Algo muy importante es que, una vez cumplidas estas etapas, es de rigor ir a desear feliz Navidad a los vecinos y amigos, prolongando bastante la velada y haciendo vibrar ese sentimiento de unión con la familia de sangre y la familia del corazón.
Autora: Cristina Pilon – Intérprete e tradutora de espanhol, inglês e português
Nativa em português e espanhol, formada como tradutora juramentada na UDELAR, UY, (2001), especializando-se mais tarde em interpretação consecutiva e simultânea na Inlingua School of Languages, Arlington, VA, EUA, trabalha desde 2001 como intérprete e tradutora para empresas e organizações em vários países das Américas e da Europa, sendo membro da equipe permanente de intérpretes de algumas delas. Esta formação é complementada por sua experiência em pedagogia. Formada em pedagogia Waldorf em 1992, lecionou em torno de doze anos nessa pedagogia no Uruguai, no Brasil e no Peru. Por um período de dois anos foi também professora de português na UDELAR, Uruguay, no curso de tradução juramentada.
Revisor: Enrique Romera – intérprete e tradutor de espanhol, inglês e português.
Revisora: Cristiana Coimbra – Intérprete e tradutora de inglês e português.