Três intérpretes em uma cabine??? Não é demais?

Por que intérpretes trabalham em duplas?

No código de ética profissional dos intérpretes de conferência estabelecido pela AIIC – Associação Internacional de Intérpretes de Conferência, com sede em Genebra, consta que o intérprete “shall not, as a general rule, when interpreting simultaneously in a booth, work either alone or without the availability of a colleague to relieve them should the need arise”. Em tradução livre isso equivale a “o intérprete não deve, como regra geral, quando interpretando simultaneamente em cabine, trabalhar sozinho ou sem um colega disponível para substituí-lo se houver necessidade.”

Uma observadora do bem!

Essa regra tem como base o aspecto da saúde do profissional de conferência, que pode ser acometido de um mal estar físico ou pressionado por necessidades suas fisiológicas, e precisar se ausentar da cabine. Se o intérprete precisar se ausentar, o colega irá substituí-lo sem que haja prejuízo para a conferência .

Isso sem falar no grau de concentração que o trabalho exige. Nenhum segundo pode ser perdido – a atenção deve estar total e inteiramente voltada para o que se ouve e ao mesmo tempo para o que se fala. Este esforço deve ser atenuado para que a qualidade da tradução permaneça a mesma do começo ao fim do trabalho. Por isso também a necessidade de trabalho em duplas para revezamento. O momento em que um intérprete substitui seu colega é uma ocasião de descanso e recuperação mental e física (beber água, retomar o fôlego e o fluxo respiratório) para que a tradução flua sempre no mesmo ritmo, sem perda de qualidade.

Visita chiquérrima em nossa cabine…

Apesar de “passarmos a bola” para o nosso colega depois de 20 minutos, não quer dizer que o abandonamos na cabine, um bom colega permanece ao lado de seu ‘concabino’ pesquisando palavras e dando o apoio moral e profissional.

Quatro não é demais?
Equipe de intérpretes de espanhol e inglês!
Calma Bete… curso de atualização..

Assim, entende-se que um profissional trabalhe sozinho apenas em conferências de no máximo uma hora de duração. Se o profissional estiver sozinho por um tempo maior, haverá risco de desgaste na qualidade do trabalho ou de interrupções indesejadas.

Sem falar no tópico que foi a abertura desse texto: ética. Um profissional que esteja disposto a trabalhar sozinho vai ferir o código de ética da categoria – e quem sabe quais outros códigos de ética ele estará disposto a quebrar!
Quem, no mercado de hoje, deseja contratar um profissional sem ética e que não respeita a sua categoria? Sem dúvida este deve ser um fator decisivo para os organizadores de eventos e contratantes de intérpretes definirem a sua escolha.

E não esqueçam: Intérpretes são pontes humanas com nervos de aço!

O Intérprete!

Meg e Adriana – paixão pelo que fazemos!

 

 

Autora: Meg Batalha – intérprete e tradutora

Revisora: Adriana Kauffman – intérprete e tradutora