Inteligência Emocional na cabine
Conhecendo mais a si mesmo e a inteligência emocional..
Muito se tem falado sobre Inteligência Emocional e o peso que ela exerce na carreira profissional das pessoas. Mas o que isso tem a ver com os intérpretes simultâneos ou os tradutores simultâneos como muitos nos chamam? A maior habilidade que nos compete é a linguística aliada à técnica de tradução simultânea. Não é mesmo? Então porque precisamos nos preocupar com a IE? Precisamos sim, se queremos agregar valor aos nossos serviços e fidelizar clientes.
Vamos ilustrar a inteligência emocional. Sabe aquele momento tenso, cinco minutos antes do início do evento? Os organizadores agitados, técnicos repassando os últimos detalhes… e você dentro da cabine se concentrando. Seu “concabino” já avisou que vai chegar em cima da hora. E aí vem o seu cliente, nervoso, perguntando onde está o segundo intérprete. Você tenta explicar, mas a pessoa é grossa e sai mais nervosa ainda. Agora você tem duas opções: levar isso para o lado pessoal e deixar esse clima influenciar o início do seu trabalho, ou tentar entender o que está realmente acontecendo e usar a sua inteligência emocional para “ler” as emoções dele.
Segundo o Dr. Daniel Goleman, psicólogo norteamericano e autor do best seller Inteligência Emocional: Por que ela pode ser mais importante que o QI, houve uma mudança no paradigma, uma redefinição do que é ser inteligente. Não basta mais ter um nível elevado de QI, hoje é necessário desenvolver habilidades que apoiem seus conhecimentos, suas habilidades técnicas e suas experiências. Dr. Goleman argumenta que um bom desempenho produtivo está atrelado a três habilidades: a habilidade técnica (conhecimento avançado e proficiente em determinado campo), a habilidade cognitiva (a capacidade de raciocinar e conceituar situações complexas) e a habilidade da inteligência emocional (autocontrole, autogerenciamento, empatia e habilidades sociais).
Você investiu muito para adquirir suas competências linguísticas. Suas técnicas de interpretação foram adquiridas com estudos, dedicação e muito trabalho. Mas e suas competências interpessoais? Intrapessoais? Você conhece seus próprios sentimentos? Sabe identificar e diferenciar cada um deles? Consegue reconhecer em outras pessoas tais sentimentos? Pode parecer bobagem, mas é graças a essas habilidades que muitos gestores de grandes empresas aumentaram a produtividade e o lucro dos lugares onde trabalham. Vindo com isso o reconhecimento em forma de promoções e condecorações.
Se eu consigo reconhecer que o meu contato no evento estava nervoso com algo e não comigo, consigo estabelecer empatia. Meu contato pode até sair bravo
naquele instante, mas não irei deixar isso influenciar a qualidade do meu trabalho, meu serviço será entregue da melhor maneira possível. Vou procurar meu contato durante o intervalo e buscar restabelecer um diálogo calmo e assertivo. O relacionamento cliente-prestador de serviço voltará a ser positivo, pois reconheci a emoção dele (nervosismo por querer que o evento seja perfeito), avaliei a situação, compreendi a necessidade do meu cliente e entreguei um serviço de qualidade. A inteligência emocional permitiu aumentar a confiança do meu cliente em relação ao meu trabalho e estabelecemos um relacionamento mais humano, mais próximo. Ele provavelmente não irá procurar outro prestador de serviço. Voilá! Fidelizei meu cliente.
São muitas as histórias tristes que ouvimos sobre intérpretes egocêntricos, pouco simpáticos, que criticam seus próprios colegas para o cliente. Intérpretes que até são eficientes, mas pecam em suas relações interpessoais. Talvez seja porque não reconhecem em si os seus próprios sentimentos e emoções. Falta-lhes desenvolver as habilidades intrapessoais e sociais.
Conhecendo-se melhor para poder dar o melhor de si em qualquer situação da vida é realmente um grande avanço. É inteligente! Saber desenvolver suas competências sociais e principalmente emocionais realça, sem dúvida nenhuma, suas competências profissionais. Um profissional competente sabe entregar seu serviço com qualidade, sabe se relacionar e sabe como fazer para melhorar. Sempre é possível melhorar. Afinal de contas, quem não quer chegar ao topo? Ser inteligente não é mais só uma questão de QI, mas sim de IE!
Élide Cáceres – Intérprete e Tradutora
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Emotional Intelligence in the Booth
Much has been said about Emotional Intelligence (EI) and its impact on professional careers. But what does this have to do with simultaneous interpreters – or simultaneous translators, as we’re called? Our most important skill is our command of languages combined with the tecnhiques of simultaneous translation – isn’t that so? Then why should we worry about EI? Indeed we should, if we’d like to add value to our services and gain the loyalty of our clients.
Here’s an example. You know that tense moment, five minutes before the start of an event? The organizers are in a fluster, the technicians are going over the last details….and you’re in the booth, concentrating. Your partner has already let you know that he is running late. And here comes the client, nervously asking about the second interpreter. You try and explain, but the client will have none of it and walks off even more nervously. Now you have two choices: take the situation personally and allow it to influence your work, or try to understand what’s really happening and use your emotional intelligence to “read” the client.
According to Dr. Daniel Goleman, an American psychologist and author of the bestseller Emotional Intelligence: Why it can matter more than IQ, there has been a paradigm shift, a redefinition of what it means to be intelligent. A high IQ is no longer enough; there is a need to develop skills that support
your knowledge, technical expertise and experience. Dr. Goleman argues that high productivity is connected to three skill levels: technical (advanced knowledge and proficiency in a particular field), cognitive (the ability to reason and conceptualize complex situations) and emotional intelligence (self-control, self-managment, empathy, and social skills). You’ve invested considerably in acquiring your language skills. Your interpretation techniques are the result of study, dedication and hard work. But what about your interpersonal skills? Intrapersonal? Are you aware of your own feelings? Can you identify and differentiate each one? Can you identity similar feelings in others? This may seem silly, but it’s because of these skills that many managers in large companies have increased the productivity and profits of their organizations.
If I can understand that my contact’s nervousness is directed not at me personally but at another situation, then I can empathize. I can even acknowledge the person’s anger at that moment, but I won’t let it effect the quality of my work in providing the best service possible. I’ll look for my contact during the break and try to re-connect in a calm and assertive way. The client-contractor relationship will again be positive, because I’ve identified the person’s feelings (nervousness in striving for a perfect event), I’ve understood the situation, my client’s needs, and have delivered a quality service. Emotional Intelligence allowed me to improve my client’s confidence in my work and establish a closer, more humane relationship. The client will probably never look for anybody else. Voilá! I’ve gained loyalty.
There are many sad stories about egocentric, unpleasant interpreters who criticize their colleagues to clients. These interpreters may be efficient, but they lack in intrapersonal skills. Maybe it’s because they don’t have self-knowledge regarding their own feelings and emotions. They need to develop intrapersonal and social skills.
Having good self-knowledge enables us to give our best in any situation and represents a major improvement! It’s smart! Knowing how to develop your social and especially your emotional skills definitely enhances your professional abilities. An intelligent professional knows how to provide quality service, and how to establish relationships and improve performance. There’s always room for improvement. After all, who doesn’t want to get to the top? Being smart is no longer just a question of IQ, but EI.
Élide Cáceres – Interpreter and Translator
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Translator: Melissa Melo – melissamsouza@globo.com