Entrevista com Meg Batalha – fundadora do Catálogo
Opinião, ideias e dicas sobre interpretação e tradução!
Por Solange Esteves – Tradutora de francês
1 – O Catálogo Premium de Intérpretes e Tradutores está dando mais atenção à área de Tradução. Conte um pouco qual é a proposta dessa mudança.
Quando criamos o site, pensamos em uma plataforma de intérpretes e os outros serviços seriam oferecidos conforme a demanda fosse surgindo, mas percebemos o quanto a área de tradução é importante e decidimos incluir tradutores em nossa plataforma. Nosso compromisso com a oferta de serviços de qualidade e com valores dignos se reflete também nesta área. Incentivamos o uso consciente de ferramentas de tradução, para que o resultado se mantenha sempre fluente e idiomático.
2 – O que a motivou?
Os pedidos de tradução que entraram pelo site aumentaram muito. Como já temos excelentes profissionais no Catálogo, que além de intérpretes são tradutores, decidimos dar um passo além e cadastrar profissionais que trabalham e vivem da tradução.
O outro ponto é o descontentamento de clientes com a qualidade da tradução. As CAT tools, ou ferramentas de auxílio à tradução (que apenas reutilizam traduções passadas, fornecidas pelo próprio tradutor), e os programas de tradução automática podem gerar problemas em mãos menos hábeis. Esses recursos devem ser usados apenas como ferramentas de auxílio à produtividade, nunca como resultado final. As mãos de um tradutor competente, criativo e detalhista, que conheça e saiba usar essas ferramentas como se fossem extensões de si mesmo, fazem toda a diferença no resultado final: o texto da sua empresa.
3 – Quando você criou o Catálogo, o que a levou a dar esse passo?
Em 2011, criei o primeiro grupo só de intérpretes no Facebook para discutir os problemas comuns da classe, mas o grupo cresceu muito, hoje somos quase 800 profissionais no grupo Intérpretes de Conferência. Com o crescimento do grupo, percebi que seria muito bacana criar uma plataforma em que mantivéssemos a discussão sobre tarifas, mercado, melhores práticas, ética, em um grupo menor, e que ainda tivesse o lado comercial e de marketing para buscar clientes e oferecer serviços personalizados.
4 – Existe o Catálogo Premium de Tradutores e o de Intérpretes. Como eles se articulam?
O Catálogo é UM SÓ. Em nossa plataforma, procuramos somar competências.
Muitos intérpretes são tradutores, mas em geral preferem o trabalho de interpretação consecutiva ou simultânea. Por incrível que pareça, o perfil dos profissionais é muito diferente. Os tradutores, em geral, trabalham apenas com tradução.
Atualmente, o Catálogo é uma plataforma global diversificada: além de intérpretes e tradutores, temos intérpretes de Libras, audiodescritores, locutores, legendadores, mestre de cerimônias e toda uma gama de serviços que ajuda nossos clientes a divulgarem suas empresas, seus produtos e suas marcas, auxiliados por profissionais competentes e comprometidos com eles.
5 – Qual é a sua visão do setor da tradução e da interpretação hoje? Há diferenças entre o Brasil e os demais países?
Os dois setores são gigantes, oferecem oportunidades de trabalho para milhares de profissionais autônomos e para os que têm empresa própria. O mundo da tradução, pelo que sei, está tomado por agências, que pagam valores cada vez mais ultrajantes para os tradutores. Com o uso de ferramentas de tradução, muitos profissionais aceitam esses valores, porque conseguem traduzir milhares de palavras. Acredito que esse combo de tarifas baixas com cargas de trabalho cada vez maiores pode deixar as traduções sem gosto e sem graça.
O mercado de interpretação no Brasil ainda não está tão degradado. Muitos intérpretes têm empresas e oferecem serviços diretamente aos clientes. As agências também estão bastante presentes. Existem agências do bem, que pagam boas tarifas e oferecem boas condições, e agências que cobram os valores de referência do SINTRA (Sindicato Nacional dos Tradutores) e querem pagar a metade da tarifa para os intérpretes. Como em todos os segmentos, alguns intérpretes aceitam e contribuem para a precarização do nosso trabalho. Eu prefiro não julgar os que aceitam tarifas baixas, pois entrar no mercado é uma tarefa árdua, que exige tempo, paciência e bons contatos. O Catálogo é a primeira plataforma I2B, Interpreters to Business. A rede é gerenciada por mim, mas sempre incluo meus colegas em decisões estratégicas. Os clientes escolhem os profissionais conforme as áreas de atuação e idiomas dos eventos e confirmamos se aquele profissional está apto a prestar o serviço requisitado.
Sobre o mercado internacional, breve espero compartilhar mais informações: iniciamos recentemente uma análise mais ampla com a ajuda de tradutores e intérpretes correspondentes do Catálogo, mas é preciso amadurecer as comparações.
6 – Qual modelo de negócio que você entende ser o mais adequado para o profissional dessas áreas hoje?
É muito comum que os intérpretes tenham suas próprias empresas, criem sites ou blogs, paguem pelos serviços de marketing e prospecção, em geral com pouco sucesso, pois a venda de serviços com alto valor agregado como o nosso é bastante complexa e poucos são bons em todas as áreas necessárias para obter sucesso. O melhor modelo de negócios é trabalhar em rede ou em pequenos grupos ou escritórios de intérpretes, compartilhando ideias e desvendando o mercado. Associar-se aos Sindicatos, às Associações é uma forma de se proteger dessa crescente precarização dos nossos serviços de interpretação e tradução, entender o mercado e se fortalecer para não sucumbir às tarifas constrangedoras.
Esse formato de rede não é simples. Os tradutores têm uma forma bastante peculiar de trabalhar e os intérpretes também, mas eu acredito que no futuro vamos trabalhar mais em redes compartilhadas, pois essa será a única forma de sermos exitosos e sobrevivermos com salários dignos.
7 – Conte um pouco da sua carreira como intérprete.
Fiz o curso da Escola Alumni em São Paulo, e tive bastante dificuldade para entrar no mercado. É algo comum aos jovens intérpretes, e decidi que não desistiria da profissão. Tudo começou quando um dos meus clientes, para quem eu fazia tradução, me convidou para seu evento; convidei colegas bem conhecidos no mercado, acho que gostaram do meu trabalho, e passaram a me indicar. Comecei com duas agências e fui treinando para aos poucos me tornar 100% independente.
Sempre pensei na minha carreira como se estivesse trabalhando em uma empresa: fiz um plano de carreira, pensava onde eu queria chegar como intérprete, estudando no Brasil e viajando para países de língua espanhola para adquirir um novo idioma. Acho importante ter dois idiomas ativos e um passivo. Depois do inglês, o espanhol é o segundo idioma mais importante no Brasil, com o francês vem em terceiro. Acho que ter mais idiomas ajuda no desempenho na cabine, expande a nossa visão de interpretação, pois enriquece a nossa produção linguística.
O sucesso que busco sempre esteve ligado à minha felicidade pessoal, pratico Aikido há 18 anos, faço aulas de tango, o profissional é só um elemento nessa maravilhosa equação da vida. Quando atingi esse objetivo, senti que poderia fazer mais, conectando pessoas de vários idiomas e que vivem em vários países. Foi assim que pensei na rede do Catálogo, que é uma das minha paixões. Cresço como ser humano quando posso ajudar outros colegas a realizar sonhos!
8 – Que sugestão você daria para quem quer iniciar a carreira de tradutor e intérprete?
Acredito que estudar em uma boa escola faz toda a diferença. No Brasil temos poucos cursos de formação, e que ainda por cima não oferecem o que é necessário para sabermos como entrar no mercado. Eu diria que esses cursos são apenas um começo. Depois dessa formação, é importante se conectar com colegas que já atuam no mercado, tentar trabalhar como trainee junto com profissionais que não temem a concorrência e buscar empresas que aceitam contratar trainees. Temos um programa no Catálogo (CAT) de suporte aos trainees, tem sido bem legal! Com o tempo o jovem profissional amadurece até que o mercado o absorve e ele passa a trabalhar em eventos cada vez mais complexos. É um ciclo… como tudo na vida, e como tudo tem altos e baixos, é importante ter paciência, saber receber ajuda e críticas dos colegas mais experientes, no final tudo dá certo 🙂 !
Meg Batalha – Fundadora do Catálogo
Revisoras: Nani Peres e Kelli Semolini
¡Opinión, ideas y consejos sobre interpretación y traducción!
ENTREVISTA CON MEG BATALHA
Por Solange Esteves – Traductora de francés
1 – El Catálogo Premium de Intérpretes y Traductores le está dando más atención al área de Traducción. Háblenos un poco acerca de cuál es la propuesta de ese cambio.
Cuando creamos el sitio, pensamos en una plataforma de intérpretes y los demás servicios serían ofrecidos en la medida en la que la demanda fuese surgiendo, sin embargo, notamos cuán importante es el área de Traducción y decidimos incluir traductores en nuestra plataforma. Nuestro compromiso con la oferta de servicios de calidad y con valores dignos se refleja también en el área. Incentivamos el uso consciente de herramientas de Traducción, para que el resultado se mantenga siempre fluente e idiomático.
2 – ¿Qué la motivó?
Los pedidos de Traducción que entraron en el sitio aumentaron mucho. Como ya tenemos excelentes profesionales en el Catálogo, quienes además de ser intérpretes también son traductores, decidimos dar un paso adelante y registrar profesionales que trabajan y viven de la Traducción.
Otro aspecto, es la insatisfacción de los clientes en relación a la calidad de la Traducción. El uso de herramientas de Traducción es insuficiente para el tipo de Traducción, valga la redundancia, personalizada que muchos clientes requieren: es necesario que el traductor tenga tacto y mucha creatividad.
3 – ¿Cuándo creó el Catálogo? ¿Qué la llevó a dar ese paso?
En el 2011, creé el primer grupo apenas de intérpretes en el Facebook para discutir acerca de los problemas comunes del gremio, pero el mismo creció mucho, hoy somos casi 800 profesionales en el grupo Intérpretes de Conferencia. Con el crecimiento de éste, noté que sería muy interesante crear una plataforma en la que mantuviésemos la discusión sobre las tarifas, el mercado, mejores prácticas y ética, en un grupo menor, pero que inclusive tuviese el lado comercial y de mercadeo para la búsqueda de clientes, ofreciendo servicios personalizados.
4 – Existe el Catálogo Premium de Traductores y el de Intérpretes. ¿Cómo ellos se articulan?
El Catálogo es apenas Uno. En nuestra plataforma, buscamos sumar competencias.
Muchos de los intérpretes son traductores, pero en general prefieren el trabajo de interpretación consecutiva o simultánea. Por increíble que parezca, el perfil de los profesionales es diferente. Los traductores, en general, trabajan apenas con Traducción.
En la actualidad, el Catálogo es una plataforma global diversificada: además de intérpretes y traductores, tenemos intérpretes de Lengua de señas, audio descriptores, locutores, subtitulación protocolo y toda una gama de servicios que ayuden a nuestros clientes a divulgar sus empresas, sus productos y sus marcas, auxiliados por profesionales competentes y comprometidos con ellos.
5 – ¿Cuál es su visión sobre el sector de la Traducción y de la Interpretación en la actualidad?, ¿Existen diferencias entre Brasil y los demás países?
Ambos sectores son gigantes, ofrecen oportunidades de trabajo para miles de profesionales a destajo y para los que tienen empresa propia. El mundo de la Traducción, hasta donde sé, está tomado por agencias, que les pagan valores cada vez más ultrajantes a los traductores. Con el uso de herramientas de Traducción, muchos profesionales aceptan tales valores, porque logran traducir millares de palabras. Creo que ese combo de bajas tarifas con cargas de trabajo cada vez mayores puede dejar las traducciones monótonas y de mal gusto.
El mercado de la interpretación en Brasil aún no está tan degradado. Muchos intérpretes tienen empresas y les ofrecen sus servicios directamente a los clientes. Las agencias también están bastante presentes. Existen agencias serias, que pagan buenas tarifas y ofrecen buenas condiciones, pero también existen agencias que cobran los valores de referencia del SINTRA (Sindicato Nacional de los Traductores) y quieren pagarle la mitad de la tarifa a los intérpretes. Como en todos los sectores, algunos intérpretes aceptan y contribuyen a la precarización de nuestro trabajo. Yo prefiero no juzgar a los que aceptan bajas tarifas, pues entrar en el mercado es una tarea ardua, que exige tiempo, paciencia y buenos contactos. El Catálogo es la primera plataforma I2B, Interpreters to Business. La red está gestionada por mí, pero siempre incluyo a mis colegas en las decisiones estratégicas. Los clientes eligen a los profesionales en conformidad con las áreas de actuación así como los idiomas de los eventos y nosotros confirmamos si aquel profesional está apto para prestar el servicio requerido.
En relación al mercado internacional, en breve espero compartir más informaciones: iniciamos recientemente un análisis más amplio con ayuda de traductores e intérpretes correspondientes del Catálogo, pero es necesario madurar las comparaciones.
6 – ¿Cuál es el modelo de negocio que, a su parecer, es el más adecuado para el profesional de esas áreas en la actualidad?
Es muy común que los intérpretes tengan sus propias empresas, creen sitios o blogs, paguen por los servicios de mercadeo y prospección, en general con poco éxito, pues la venta de servicios con alto valor agregado como el nuestro es bastante compleja y pocos son buenos en todas las áreas necesarias para obtener el éxito en cuestión. El mejor modelo de negocios es trabajar en red, en pequeños grupos o en oficinas de intérpretes, compartiendo ideas y descubriendo el mercado. Asociarse a los Sindicatos, a las Asociaciones es una forma de protegerse de esa creciente precarización de los nuevos servicios de Interpretación y Traducción, entender el mercado y fortalecerse para no sucumbir a las tarifas vergonzosas.
Ese formato de red no es simple. Los traductores tienen una forma bastante peculiar de trabajar y los intérpretes también, pero confío que en el futuro vamos a trabajar más en redes compartidas, pues esa será la única manera de que seamos exitosos y sobrevivamos con salarios dignos.
7 – Cuéntenos un poco acerca de su carrera como intérprete.
Realicé el curso de la Escuela Alumni en São Paulo y tuve bastante dificultad para entrar en el mercado. Se trata de algo común para los jóvenes intérpretes, pero decidí que no desistiría de la profesión. Todo comenzó cuando uno de mis clientes, para quien yo le hacía traducciones, me invitó para su evento; así, invité a colegas muy conocidos en el mercado. Supongo que les gustó mi trabajo y pasaron a recomendarme. Comencé trabajando para dos agencias y fui entrenando para poco a poco hacerme 100% independiente.
Siempre pensé en mi carrera como si estuviese trabajando en una empresa: hice un plan de carrera, pensaba a donde quería llegar como intérprete, estudiando en Brasil y viajando para países de lengua hispana para adquirir un nuevo idioma. Me parece importante tener dos idiomas activos y uno pasivo. Seguido del inglés, el español es el segundo idioma más importante en Brasil, siendo el francés el tercero. Pienso que el contar con más idiomas ayuda en el desempeño en cabina y expande nuestra visión de interpretación, pues enriquece nuestra producción lingüística.
El éxito que busco siempre estuvo ligado a mi felicidad personal, practico Aikido desde hace 18 años, tengo clases de tango, la parte profesional es apenas un elemento en esa maravillosa ecuación de la vida. Cuando alcancé ese objetivo, sentí que podría hacer más, conectando a personas de varios idiomas y que viven en varios países. Fue así que pensé en la red del Catálogo, que es una de mis pasiones. ¡Crezco como ser humano cuando puedo ayudar a los otros colegas a realizar sueños!
8 – ¿Qué sugerencia le darías a quien desee iniciar la carrera de traductor e intérprete?
Me parece que estudiar en una buena escuela de idiomas hace toda la diferencia. En Brasil tenemos pocos cursos de capacitación profesional y, además, no ofrecen lo necesario para que sepamos como entrar en el mercado. Yo diría que esos cursos son apenas un comienzo. Luego de esa formación, es importante conectarse con colegas que ya actúan en el mercado, intentar trabajar como aprendiz junto a profesionales que no temen la competencia y buscar empresas que acepten contratar aprendices. Tenemos un programa en el Catálogo (CAT) de soporte a los aprendices y eso ha sido muy interesante. Con el correr del tempo el joven profesional madura hasta que el mercado lo absorbe y pasa a trabajar en eventos cada vez más complejos. Es un ciclo… como todo en la vida, y como todo tiene altos y bajos, es importante tener paciencia, saber recibir ayuda y críticas de los colegas con más experiencia, y ¡a fin de cuentas, todo va a salir bien 🙂 !
Meg Batalha – Intérprete y Traductora
Traductor: Amaury Williams de Castro
Revisor: Jorge Cáceres