E ASSIM COMEÇA A HISTÓRIA…
E ASSIM COMEÇA A HISTÓRIA….
por: José Flávio da Paz
Os processos de tradução e interpretação não constituem atos da contemporaneidade como muitos imaginam. Pesquisadores nos contam que, embora a interpretação simultânea seja relacionada aos movimentos pós-guerra, essa modalidade já era praticada desde o Egito Antigo e no Império Romano quando se utilizavam línguas orais. Em documentos datados de três mil anos antes de Cristo pode-se constatar uma referência a um supervisor de intérpretes. (…) Essa atividade era essencialmente ligada à Administração Pública.” AP | PORTUGAL (2012). As atividades praticadas pelos tradutores e intérpretes continuaram inalteradas durante séculos que antecederam a Idade Média, período que a língua francesa predominava como idioma dos nobres nos negócios e nas relações internacionais. Somente em 1919, após a Conferência de Paris deixaria de sê-lo, pois os políticos exigiam a implantação do multilinguismo, dada à abertura comercial com países anglo-saxônicos e demais países do mundo.
As práticas de tradução e da interpretação aconteciam em mosteiros, concílios e sinagogas, já que naqueles espaços haviam pessoas advindas de toda parte do mundo para desenvolverem sua formação teológica. Essa prática favoreceria as relações mercantis, internacionais, diplomáticas e ações militares que exigiam forças armadas de diferentes países que seguiam em missão de paz e/ou guerra; reestruturação de países em momentos pós-guerra. Ainda citado por AP | PORTUGAL (2012), nesse período: ” (…) Cristóvão Colombo constatou que seu intérprete de árabe e hebreu de pouco lhe serviu para comunicar com os índios. Consequentemente, e após essa primeira viagem, ele decide capturar alguns índios e ensinar-lhes o espanhol para que lhe pudessem ser úteis como intérpretes na expedição seguinte. O mesmo aconteceu com espanhóis que estiveram presos pelos índios e aprenderam a língua e os costumes desse povo, servindo também de intérpretes.” Tal fato nos mostra as primeiras ações que nos levará ao estudo e à formação do tradutor e da tradução – intérprete/interpretação – tema oportuno para outro momento de discussão mais adiante.
É importante salientar que antes desse movimento utilizava-se o gesto e a mímica quando a língua oral era inoperante e a figura do tradutor/intérprete inexistia. Situações dessa natureza criariam a personagem da tradução e interpretação, mas sem nenhum cunho acadêmico, bastava que detivesse a técnica conhecesse a língua podendo migrar de uma para a outra com pouca dificuldade, sendo ainda esta atividade de caráter voluntário. Passados anos e dados os avanços mercantis e o surgimento de organismos internacionais há necessidade de aperfeiçoar as estratégias da tradução e interpretação, ocasião que surge a Interpretação Simultânea, cuja proposta implicava na interpretação palavra por palavra e na reprodução fiel dos termos, sem a menor preocupação semântica e/ou pragmática das ideias, uma vez que nesta metodologia nenhuma reflexão por parte do tradutor intérprete é permitida, já que toda tradução é automática e em seguida ao pronunciado pelo expositor. Na perspectiva de melhorar a ação interpretativa, a Interpretação Consecutiva surge como alternativa a não funcionalidade da Interpretação Simultânea, visto que esta teoria traria algumas implicações de desordem comunicacional junto as Pessoas e as organizações.
Todavia, a Interpretação Consecutiva apresentava outra situação complexa, dessa feita, o tempo seria o problema, afinal, quando, quanto e como deveria interferir o intérprete nos discursos dos envolvidos parecia a questão da época e acredita-se que até os dias atuais seja uma excelente reflexão para aqueles que a usam como modelo amortizador nos processos inter comunicacionais. Apesar das eternas e profundas discussões, a interpretação simultânea é definitivamente aceita como modelo operacional, pois aproxima também as relações interculturais e exige mais competências e habilidades profissionais do tradutor / intérprete, modelo adotado por respeitados organismos mundiais. Concernente a prática de interpretação de língua de sinais, temos poucos registros que identifiquem as primeiras ações. Pereira (2008) afirma: “(…). Historicamente não é possível rastrear o exato momento em que os intérpretes começaram a atuar, mas é plausível imaginar que desde que povos de diferentes línguas mantiveram contato houve a necessidade de intérpretes. No caso das pessoas surdas, existem hipóteses de que a interpretação surgiu no meio familiar e aos poucos foi se estendendo aos professores de crianças surdas e ao âmbito religioso.
Com o passar do tempo, o fortalecimento dos movimentos sociais e políticos das comunidades surdas e o reconhecimento legal das línguas de sinais surgiu, finalmente, o ILS profissional” (Pereira, 2008, p. 138), consequentemente abrindo campos de discussão e grupos de trabalhos sobre a História da Interpretação e da Tradução da Língua de Sinais no Brasil e no mundo. O que o intérprete de língua de sinais realmente faz? Tradução, interpretação, ambos? Em palavras precisas, ainda segundo Pereira (2008, p. 136), assim as distingue: “(…) tradução é o termo geral que se refere a transformar um texto a partir uma língua fonte, por meio de vocalização, escrita ou sinalização, em outra língua meta. A diferenciação é feita, em um nível posterior de especialização, quando se considera a modalidade da língua para qual está sendo transformado o texto. Se a língua meta estiver na modalidade escrita trata-se de uma tradução; se estiver na modalidade vocal (também chamada de oral) ou sinalizada (presenciais ou de interação imediata), o termo utilizado é interpretação.” Pereira (2008, p. 136).
Nesta mesma perspectiva se encontrou outro conceito que também distingue estas ações: (…) Quem é o Intérprete: Pessoa que transmite o que foi dito de uma língua (língua fonte) para outra (língua alvo). Quem é o Tradutor: Pessoa que traduz de uma língua para outra. Refere-se ao processo envolvendo pelo menos uma língua escrita. “Assim, tradutor é aquele que traduz um texto escrito de uma língua para a outra (seja ela escrita ou oral).” (…). FADERS, 2012. Desse modo, a interpretação é o termo mais adequado quando se refere às línguas de sinais, salvo quando estes estiverem escritos. Esta ação é executada pelo intérprete de língua de sinais, que no caso do Brasil podemos denominá-la de LSB ou LIBRAS. Este será responsável por interpretar a mensagem de uma dada língua para a língua de sinais e vice-versa, sem perder o seu sentido original. Ressaltando que a interpretação entre duas línguas é bidirecional, como uma via de mão dupla, segundo concepções da FADERS (2012) e envolve atos cognitivo-linguísticos, sócio educacional e cultural, como atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. É extremamente importante que o intérprete esteja envolvido nas interações comunicativas do grupo a ser interpretado, tanto no âmbito sociocultural, como sócio educacional e de entretenimento.
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO – Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado
http://www.portaleducacao.com.br/idiomas/artigos/14746/historia-da-traducao-e-da-interpretacao#ixzz2pgP8aPs7
Intérpretes são pontes humanas com nervos de aço!
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