Câmara de São Bernardo do Campo homenageia tradutores e intérpretes
Na noite de 28 de novembro deste ano foi realizada, no Palácio João Ramalho, uma solenidade para comemorar o dia do tradutor e intérprete na cidade paulista de São Bernardo do Campo. A sessão foi comandada pelo vereador Pery Cartola (PSDB), o qual em discurso, ressaltou a importância da categoria e o fomento acerca do ensino de novas línguas proporcionado pela tradução.
A tradução faz parte do dia a dia geral. Se faz presente nos livros de história, literatura estrangeira, notícias de jornais de outros países, legendas e dublagens de filmes e séries, documentos que chegam do estrangeiro, além de congressos e reuniões internacionais. Até bulas de remédios e manuais eletrônicos necessitam tradução. No entanto, é necessário frisar que a boa tradução precisa parecer invisível para não alterar o sentido do texto.
Enquanto o tradutor é o profissional que trabalha com a língua escrita, o intérprete é aquele que se dedica à língua falada, e ao longo da história este sempre se fez presente. Ainda no Brasil pós-descobrimento já havia quem exercesse o papel de intérprete das diferentes línguas faladas pelas nações indígenas, costurando alianças e criando pontes entre os europeus e os índios brasileiros.
Portugal, sabedora da importância de se ter uma comunicação fundamental com os povos da colônia, produziu intermediários para exercer tão importante papel. João Ramalho, por exemplo, foi enviado para o Brasil para aprender as línguas locais e servir de intérprete. Ele acabou se casando com Mbycy, filha do chefe da tribo dos Guaianazes, a quem devemos também o papel de intérprete e conciliadora. Um dos filhos do casal, André Ramalho, também exerceu a função, ajudando o padre Manoel da Nóbrega em sua jornada de catequização pelo interior de São Paulo.
Mantendo a tradição, São Bernardo do Campo reúne uma grande quantidade de tradutores e intérpretes, não só pela importância cultural, bem como pela relevância comercial e industrial da cidade.
Ao final da sessão foram homenageados diversos nomes de extrema relevância no contexto nacional, entre os quais:
Robson Miguel
Violonista de carreira internacional, cientista social indígena; Historiador indígena; idealizador e organizador dos Jogos Indígenas de São Paulo, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, membro do Instituto Biográfico Brasileiro e também da Academia Metropolitana de Letras, Artes e Ciências. É palestrante indígena especializado nas Trilhas Indígenas do Peabirú e cacique eleito na Aldeia Indígena Guarani Itaóca – Mongaguá. É cacique presidente da ABRAIMA – Associação Brasileira de Apoio ao Índio e ao Meio Ambiente. É também secretário adjunto de cultura da prefeitura municipal de Ribeirão Pires. Poliglota, fala português, inglês, alemão, espanhol, francês, tupi-guarani, guarani e tikuna. É tradutor do Instituto Histórico Geográfico de São Paulo e entre as traduções que realizou, podemos destacar: a tradução pioneira dos nomes do mapa da capitania de São Vicente feito por Teodoro Sampaio e a versão oficial no hino nacional brasileiro para o guarani realizada em conjunto com seu vice-cacique Karay Basilio. É autor do livro “Índios: uma história contada pelos verdadeiros donos do Brasil”, primeiro livro de história do Brasil escrito por um indígena.
Ângela Levy
Foi a primeira intérprete simultânea a trabalhar no Brasil, em maio de 1950, em São Paulo. Até 1970, trabalhou sozinha como intérprete simultânea, por não haver profissionais dessa área. A tradução escrita, porém, foi sua primeira atividade, mesmo antes de 1950, e trabalha nessa área até hoje, especialmente nas especialidades de medicina, literatura e história universal. Criou, em 1971, o Curso de Formação de Tradutores e Intérpretes da Associação Alumni, que coordenou até fevereiro de 2001. Criou também, na Alumni, em 1973, o Departamento de Serviços de Tradução e Interpretação. Hoje, coordena os trabalhos do escritório Ibycaba Traduções, no qual realiza traduções e revisões de textos das mais variadas áreas em inglês, francês e português.
Paul Connoly
Nasceu nos Estados Unidos e mora no Brasil há 40 anos, onde aprendeu a amar a língua portuguesa. É um importante intérprete do nosso país. Entre os diversos trabalhos que realizou, podemos destacar o de intérprete do ministro da Fazenda Guido Mantega em suas viagens oficiais, visitando diversos momentos Tóquio, Moscou, África do Sul, Nova York e Washington. Hoje, atua no mercado de capitais como intérprete de bancos de investimento no exterior. Orgulha-se por ser pai de quatro tradutores intérpretes.